O grande escritor Guimarães Rosa dizia que: “contar é muito dificultoso. Não pelos anos que se passaram. Mas pela astúcia que tem contar coisas passadas... Tem horas antigas que ficam muito mais perto da gente do que outras de recente data”. O já distante 1977 é claro em minha mente. A união das duas escolas, São José e Antônia Lócio, com suas diferenças e rivalidades, criou um clima estranhamente novo a ser desvendado na nova escola que escolheu a todos, professores, estudantes e funicionários. Minhas lembranças parecem sim um velho álbum de retrato cuja ordem cronológica não é tão clara nem tão importante, contudo as imagens e impressões deixadas são nítidas. Vejo-me então com 13 anos, na 7ª série, os novos professores, o espaço físico bonito e acolhedor, os novos colegas, tudo escrevendo em minha alma um novo capítulo, que é meu, mas é também da comunidade, visto que nem sempre é possível separar o individual do coletivo. Chega o 7 de setembro daquele ano, data em que a rivalidade das escolas aqui reunidas era mais evidente, estamos vivenciando o aniversário da independência, exigência da ditadura agonizante, eu com a farda do Antônio Lócio e outro representando o São José a conduzir uma faixa. Era a escola produzindo e vivendo o discurso de encontro das diferenças, da quebra de velhos hábitos. Ano seguinte, conclusão da 8ª série, ida para o Recife onde faria o ensino médio, na época segundo grau. No ano de 1991 retorno a Bodocó e a esta escola, agora como professor substituto onde encontro futuros colegas como Ana Tereza, Amanda, Maria Lucineide, Alexsandra, novas imagens, novas impressões sedimentam-se em mim e ajudam a formar o profissional e cidadão que ora sou. Agora como professor concursando novas experiências se acumulam ajudando-me a encontrar equilíbrio no caminhar, muitas vezes tortuoso de nossa profissão, mas não posso negar as alegrias do encontro com os colegas e alunos, dos conflitos, mas também dos inúmeras prazeres aqui vivenciados.
Como álbum de retratos as imagens são fragmentadas, uma espécie de flash que evocam as memórias que se encontram em nossa alma a nos revelar, e traçar veredas presentes e futuras.
José Tadeu Gomes de Sousa.
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